Em março, às vésperas da WME Conference, uma conferência feita por e para mulheres para discutir a presença delas na indústria da música, o evento foi suspenso. A Covid-19 se intensificava e, a 10 dias da conferência, veio o adiamento.
Em setembro, nos dias 18, 19 e 20, o evento enfim aconteceu – no formato híbrido: boa parte das convidadas estavam ao vivo, direto da Casa Natura Musical, em São Paulo, e outra parte em casa, com participação simultânea. Muitos programas de TV estão rolando assim há algum tempo, mas um evento com mais de 70 participantes foi um grande desafio. Sei disso porque acompanhei de perto, já que gerenciei, à frente da Casa Lab e com um time muito competente e empenhado (posso até dizer, sem medo, apaixonado), a comunicação digital da conferência, que ganhou o nome de WME Conference RMX. Exceto a identidade visual, que foi desenvolvida pelo Colletivo, todo o conteúdo para as redes sociais foi feito por nós.
Eu me lembro que, quando soube como seria o evento, em uma ligação com a Monique Dardenne, uma das idealizadoras ao lado da Claudia Assef, fiquei muito animada (sabe sorriso na voz? Então), mas achei bastante ousado. Várias salas, painéis, oficinas, shows… Era a conferência com tudo o que tinha nos outros anos, mas pensada pro ambiente digital. Deu muito, muito certo!
Nosso desafio na comunicação foi desenhar uma estratégia para divulgar essa conferência e mostrar a potência desse evento que, além de ter um conteúdo parrudo voltado para a indústria da música, iria proporcionar a chamada “aglomeração digital”. Quando eu falo “aglomeração” não é só narrativa: no SpatialChat, uma plataforma dedicada a isso, a experiência foi muito imersiva com espaço e sons sensíveis para o usuário.
Como comunicar?
Quando foi que você fez algo pela primeira vez? Nós comunicamos um evento híbrido
Do nosso lado, pensamos em como demonstrar toda a potência do evento e produzir um conteúdo diferente dos outros anos, mas mostrando a essência da marca WME.
Foi assim que criamos conteúdos em colaboração com outras profissionais, como a fotógrafa e artista Filipa Aurélio, que trouxe o projeto Míope com colagens das cantoras Céu, Xenia França e Souto MC; a mixologista Cibele Guimarães, que ensinou, em vídeo, uma receita de drink; a Isabela Alves-Ori, designer e artista que fez uma colagem afrofuturista da Teresa Cristina e a Anne Magalhães, que gravou uma música de Daniela Mercury, madrinha da edição, toda em libras.
Nossa preocupação era também com a cobertura do evento, que precisava dar visibilidade para o formato, mas sem deixar de explicitar a complexidade e a dimensão de tudo. Dividimos a equipe: parte na Casa Natura Musical (com equipe de social e uma fotógrafa fazendo tudo em tempo real) e parte em casa, fosse fazendo o relacionamento com a audiência em tempo real, fosse assistindo aos conteúdos e fazendo a cobertura ao vivo no Twitter.
Foi uma experiência que engajou a equipe e que exigiu muito crescimento de todas também, que precisou fazer interface com patrocinadores, entendendo as necessidades e contrapartidas e garantindo que tudo seria cumprido; se relacionar com as criadoras de conteúdo, que tiveram liberdade para trazer seus projetos para dentro da WME Conference RMX, e abraçar um volume de trabalho gigante, digno de um evento com mais de 70 convidadas. Nos três dias de evento, foram cerca de 3 mil comentários nas redes sociais.
Com diversas equipes trabalhando em várias frentes, (todas formadas quase 100% por mulheres, inclusive a nossa), é claro que deu muito certo. Plataforma, transmissão, produção, iluminação, segurança, tudo correu muito bem. A gente não tinha dúvidas de que ia dar tudo certo, mas não é todo dia que a gente tem a chance de fazer algo pela primeira vez.