Desde que eu abri mão de ter um emprego formal e criei a Casa Lab, faz parte da minha rotina o ato de cozinhar. A flexibilidade de horários e a possibilidade de home office tornou real algo que eu queria experimentar há tempos: ter total controle da minha alimentação.
Eu amo cozinhar, desde sempre. É na cozinha que exerço com mais facilidade minha atenção plena, ou seja, quando estou ali em pé cozinhando, meus pensamentos estão 100% focados no que estou fazendo. Funciona pra mim quase como meditação, com o foco apenas em limpar, picar, medir temperatura, organizar ingredientes etc. Poder fazer isso diariamente me trouxe uma perspectiva muito diferente da que eu tinha quando cozinhava apenas aos finais de semana. Os 5 pontos a seguir são os que mais me surpreenderam:
1 – Você não faz ideia do que realmente gosta de comer até preparar sua própria refeição
Quem almoça todo dia em restaurantes acaba comendo um monte de coisas por impulso. Só percebi isso depois que passei a escolher o que iria cozinhar. Para facilitar a rotina, escolho o cardápio do dia de acordo com o que tenho em casa e o tempo que tenho para cozinhar. Isso me mostrou que o tipo de comida que eu colocava no prato nos restaurantes por quilo não era exatamente aquele que eu tenho vontade de cozinhar para mim. Percebi que o excesso de massa, fritura e carne vermelha estava mais relacionado aos meus níveis de stress do que a minha vontade real de comer esse tipo de comida. Ao cozinhar em casa, ouço muito o que o meu corpo está pedindo e quase sempre (menos em dias de Tpm, porque aí é impossível!) meu corpo pede opções mais saudáveis ou me mostra coisas que eu nem sabia que gostava de comer.
2 – A quantidade de lixo que geramos é monstruosa
Entrar num restaurante, sentar e pedir o que vamos comer tira da gente a noção real do impacto dos nossos hábitos no mundo. Experimente fazer todas as refeições em casa (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar), por uma semana, para ver a montanha de lixo que você vai gerar. Sério, é muito assustador! A gente fica completamente anestesiado dessas questões quando temos apenas 1h para almoçar e comemos qualquer coisa na rua. Cozinhar em casa te faz querer realmente encarar a questão e muda totalmente as suas escolhas no supermercado. Eu já troquei o mercado pela feira e quanto menos embalagem, melhor.
3 – A comida tem uma ligação fortíssima com o nosso estado emocional
Nunca na vida a ideia de confort food fez tanto sentido. Se temos uma reunião ruim pela manhã ou se o dia não está legal, dificilmente eu vou ter vontade de cozinhar. E a falta de vontade de cozinhar é sempre um reflexo da minha irritação comigo mesma. É quase como se o meu cérebro falasse para o meu corpo que não está a fim de cuidar dele naquele momento. Da mesma maneira que, quando o dia está incrível, o trabalho está dando certo e tudo está no prazo, fico louca pra correr pra cozinha e preparar algo gostoso. Ter consciência disso ajuda na hora de decidir se a gente quer mesmo enfiar o pé no jaca (ou deixar de comer só porque o dia está corrido) ou se só queremos nos punir com comida que a gente sabe que faz mal.
4 – Cozinhar é, definitivamente, um ato de amor
Quando cozinhar é uma escolha e não uma obrigação, não tem sentimento que mova com mais força o ato de cozinhar do que o amor. Para mim, o amor aparece quando vasculho minhas lembranças em busca do cheiro da comida minha vó, ou quando tento reproduzir o sabor da comida dos meus pais. É o amor que move a gente quando colocamos no forno o bolo que quem você ama pediu, ou ainda quando acordamos quando o dia ainda mal nasceu para começar o preparo da comida que os amigos irão comer. Se você nunca experimentou convidar os amigos e servir só aquilo que você mesmx preparou, não sabe o mar de amor que está deixando de sentir.
5 – A relação entre alimentação e saúde fica muito maior
Desde que comecei a comer em casa todos os dias, passei a observar como o meu corpo reage a determinados tipo de alimentos. É muito difícil ter noção disso quando a gente come na rua, pois você nunca sabe exatamente o que foi usado no preparo do seu prato. Você até acha que comeu só um filezinho de frango com salada, mas desconhece o tempero pronto, cheio de glutamato e outras porcarias que usaram no seu franguinho. Comer em casa te dá muito mais liberdade para conhecer seu próprio corpo. Eu, por exemplo, passei a perceber o quanto o açúcar me faz mal. Nem estou falando de me jogar nos doces e sobremesas, esse hábito eu nunca tive. O que eu percebi é que o açúcar do café preto (mesmo sendo o mascavo, demerara, de coco) de todo dia acabava com as minhas primeiras horas da manhã, me deixava com cólica e com uma sensação muito desagradável de que eu iria ter um piriri. Resolvi tirar o açúcar do café e fui percebendo meu organismo melhorar. Aí fui reduzindo, conscientemente, a quantidade de carboidratos e comida industrializada – que são absurdamente cheias de açúcares – e fui me sentindo cada vez melhor. É óbvio que não é só porque a gente cozinha em casa que passa a ter disciplina para não comer mais aquilo que nos faz mal. Mas ter consciência do que o seu organismo rejeita já é um grande passo para cuidar muito mais da sua saúde.