Outra dia li um post no instagram que dizia: “ser mulher é ser sempre ou muito velha ou muito jovem para fazer algo. A idade certa é o homem”. Essa afirmação faz todo o sentido no meu dia a dia de mulher empreendedora. Desde que eu e Luana criamos a Casa Lab, em 2016, já ouvimos todo tipo de frases machistas e foi preciso muita confiança e terapia pra seguirmos em frente diante de tantas coisas difíceis que fazem parte do processo de empreender.
Essas são algumas das coisas que mais me incomodam quando ouço. Acho legal dividir porque com toda certeza não sou a única a ouvir essas bizarrices, mas a gente tende a se sentir pra baixo e a levar essas coisas pro lado pessoal. Então, vejam: não estamos sozinhas! Se algo bater parecido por aí, não é mera coincidência.
1 – E-mails, mensagens, áudios etc, endereçados a mim e minha sócia nos chamando de meninas. Quem levantou essa bola primeiro foi a Lu, lá no primeiro ano de Casa Lab. Logo que ela falou achei exagero, afinal, é só um jeito carinhoso de falar com a gente. Hoje, acho super chato. Se fôssemos uma mulher e um homem, não nos chamariam de meninos. E mesmo quando chamamos homens de meninos, não é a mesma coisa de chamar uma mulher de menina. Já experimentou fechar proposta comercial sendo chamada de menina?
2 – Perguntas do tipo: de onde vem a grana que sustenta o negócio de vocês. Esse é um questionamento que rola muito, das mais diversas maneiras. Uma vez, um fornecedor de um cliente nosso, que sabia que éramos Debora e Luana, sócias da Casa Lab, nos perguntou de quem era a empresa. Como assim uma empresa de comunicação liderada e gerida por duas mulheres (sem dinheiro do pai ou da mãe. Nada contra, mas faz muita diferença).
3 – Parceiros (homens) que, em algum momento do job, tentam entender como podem crescer dentro do projeto que lideramos e, inclusive, tirar nossa liderança. Esse é um clássico que se repete sempre. Convidamos um parceiro a entrar com a gente num projeto e, em algum momento, ele tem uma ideia brilhante, de algo que ainda não fizemos e que é a solução pros problemas de comunicação da conta. E aí vem o também clássico pedido pra apresentar pro cliente a ideia dele, quem sabe assim não crescemos mais juntos e blá blá blá.
4 – Não é exatamente algo que me digam, mas o empreendedorismo feminino é um inferno para pessoas empáticas, como eu. Amo ser alguém com muita empatia, tenho facilidade em me colocar no lugar do outro e isso me ajuda demais na vida. Mas para empreender confesso que muitas vezes me sinto abusada por ser empática demais. As pessoas sacam quem não vai deixar a batata quente cair, quem vai ceder a um apelo mais emotivo ou desesperado e isso, em uma mesa de negociação, é desvantagem na certa. Ou no mínimo um acúmulo de tarefas que não deveriam ser suas. Quando se é mulher, então, você precisa se desvencilhar dessa imagem a todo custo, ou pelo menos aprender quando ela pode surgir e quando não, que é o que eu tenho feito.
5 – Já ouvi de outras mulheres, feministas inclusive, elogios que com toda certeza não são feitos aos homens. Quero morrer quando a Casa Lab, formada majoritariamente por mulheres, entrega um baita trabalho bem feito e somos elogiadas com coisas do tipo: essas meninas são fantásticas, ou elas são muito queridas e fofas. Gente, sério, quem chama um homem de fofo por ele fazer seu trabalho bem feito? Vamos chamar as minas que trabalham com vocêsde competentes, talentosas, boas gestoras, organizadas, estratégicas, inteligentes, criativas, ou insira aqui qualquer outro elogio profissional.