Há duas semanas, os Tribalistas anunciaram o retorno da trupe formada por Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Com o lançamento, veio outra novidade: o uso inédito da plataforma Hand Album, lançada em parceria com o Spotify, que libera na rede social as músicas, cifras e fotos.
No dia 10, uma crítica em tom ressentido registrava no caderno de cultura do Estadão a frustração do jornalista por não ter sido avisado do lançamento antes. Na crítica, o jornalista usa um parágrafo todo para expressar sua indignação por ter ficado sabendo junto com todo mundo. Ele alega que, por repetidas vezes, os músicos negaram estar preparando o retorno. No resto da crítica, discorre sobre as novas músicas: mais do mesmo ou Músicos excelentes que, juntos, são previsíveis e repetem as velhas fórmulas. Você pode ler a crítica completa aqui.
Não é novidade que a imprensa vem buscando caminhos para encontrar o seu lugar ao sol diante de tanto conteúdo de qualidade que tem sido produzido por não jornalistas. Makers, influencers, blogueiros e toda a sorte de pessoas têm feito um ótimo trabalho publicando com rapidez e profundidade sobre os mais diversos assuntos.
Na era da pós-verdade, os veículos tradicionais precisam correr contra o tempo para não perder relevância e mostrar a que vieram e a quem servem. É o que tem feito o New York Times e o UOL, inovando em formatos para capturar uma audiência cada vez mais escassa e assediada. Por outro lado, ainda vemos muita gente fazendo o caminho contrário: insistindo em questionar as mudanças mais óbvias.
Quando a Beyoncé lançou o álbum homônimo e divulgou todos os clips de uma vez, a estratégia foi chamada de inovadora. Quando os Tribalistas anunciam a volta e usam as redes sociais para lançar seu novo produto, muitos estão mais preocupados em falar sobre a relação dos músicos com a imprensa tradicional do que em avaliar a estratégia. Inovação não pode ser só quando é do jeito que uns e outros estão acostumados. Isso não é inovação, é comodismo.