Se você gosta de uma boa polêmica, deve ter acompanhado o que aconteceu durante a final do Master Chef Brasil envolvendo a vencedora, Michele Crispim, a crítica de gastronomia Ailin Aleixo e a chef Bel Coelho. Se você não viu, foi o seguinte: a finalista e vencedora Michele fez um prato criado por Bel e apresentou como sendo uma criação autoral.
Foi o suficiente para uma chuva de tweets, divididos entre críticas à cozinheira amadora e defensores da vencedora do programa de gastronomia mais popular do país – e do Twitter. Maaas no dia seguinte, depois que a poeira baixou, Michele explicou o que aconteceu: ela disse, sim, que o prato era da Bel, mas o trecho foi cortado na edição. Eita!
Mas por que eu estou falando de Master Chef e o que a gente pode aprender com isso? Se a Bel Coelho tivesse escolhido não tuitar, talvez ela não tivesse tido que fazer um post pedindo desculpas.
Não foi culpa dela. Por que? Porque o mesmo acontece com a gente o tempo todo: diante de qualquer acontecimento, a gente se sente obrigado a dar uma opinião, a malhar o judas da vez na ~ internet ~ e a participar da discussão acalorada do momento. Tem até um nome para esse transtorno da vida moderna: os psicólogos chamam de FOMO (Fobia of Missing Out), que é o medo de ficar de fora do mundo social e de perder alguma coisa que foi postada na rede.
E assim o que vemos é muita opinião rasa ou baseada no efeito manada, argumentos soltos sem o mínimo de reflexão ou pesquisa ou repetidos à exaustão sem a mínima criticidade. Foi assim que o Ney Matogrosso foi chamado de homofóbico, e é assim que dispensamos muita energia nas redes sociais.
O mundo é um moinho uma bolha, já provaram estudos realizados à época da eleição de Donald Trump, mas não é por isso que não temos responsabilidade sobre o conteúdo que despejamos nas redes – muito pelo contrário. O mundo já está cheio de lixo (real e digital). Em vez de contribuir para que essa massa vazia cresça, que tal pensar um pouco melhor nas brigas que queremos entrar e na marca que queremos deixar no mundo? Não responde, vai. Promete que pensa melhor no assunto?